Você já conhece grande parte dos alimentos que são prejudiciais ao seu filho. Sabe, por exemplo, que deve evitar o excesso de açúcar, de sódio e de gorduras saturadas no cardápio dele. Mas, em meio a essas preocupações, pode acabar se esquecendo de outra enorme vilã da saúde: a gordura hidrogenada.
A substância é formada por ácidos graxos trans, compostos obtidos por meio de um processo químico que pode ser natural (como acontece em pequenas quantidades com algumas carnes e leites ainda no organismo dos animais) ou industrial (quando o óleo vegetal líquido é transformado artificialmente em gordura sólida) – e é este último que devemos ficar atentos.
As empresas alimentícias fazem esse procedimento para melhorar a consistência e aumentar o tempo de conservação de produtos como margarinas, sorvetes, biscoitos, bolos, tortas, pães, salgadinhos e bombons. Lanchonetes e restaurantes também utilizam gordura hidrogenada no preparo de frituras. O problema é que ela é duplamente prejudicial: eleva os níveis de colesterol ruim (LDL) no sangue ao mesmo tempo em que diminui os de colesterol bom (HDL). Além disso, não é sintetizada pelo corpo, o que resulta na produção de gordura visceral, aquela que se acumula na região da cintura.
De acordo com a pediatra Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira, membro do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as consequências são graves. Essas mudanças aumentam os riscos de crianças e adultos desenvolverem diabetes, pressão alta, colesterol e triglicérides altos, que, por sua vez, facilitam a ocorrência futura de arteriosclerose (obstrução progressiva da parede das artérias), dislipidemia (presença anormal de lipídios e/ou lipoproteínas no sangue), infarto e AVC (acidente vascular cerebral).
“É importante ressaltar que, no geral, a gordura é fundamental para o crescimento. O leite materno, essencial no desenvolvimento dos bebês, por exemplo, possui cerca de 50% do valor de calorias provenientes dela. Mas é necessário restringir o consumo e escolher o tipo de gordura que as crianças vão ingerir. Elas devem se limitar a 30-40% das calorias totais do dia, sendo que a gordura trans não deve ultrapassar 1%”, completa. Esta é, inclusive, a norma oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Academia Americana de Pediatria (AAP) e da Academia Americana de Cardiologia (AHA).
No Brasil, as empresas são obrigadas a declarar a quantidade de gordura trans no rótulo de seus produtos desde 2006, quando foi criada uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que trata do assunto.
O que você pode fazer
As empresas ainda não encontraram uma substituta saudável e financeiramente viável para a gordura trans para obter os mesmos efeitos de conservação. Enquanto seguem procurando, por meio de novas pesquisas, você pode fazer sua parte. Evite comprar muitos alimentos industrializados, fornecendo opções diferentes, mais nutritivas e igualmente saborosas, para seu filho. Sanduíches e bolos caseiros, por exemplo, podem ser boas pedidas. E, quando for necessário comprá-los, opte pelos melhores. “Não deixe de ler os rótulos para saber qual é o valor calórico, a quantidade de sal, açúcar e gordura de cada produto. Essa atenção é necessária para se conseguir uma alimentação balanceada”, afirma a pediatra.
Fonte: Revista Crescer